31 de agosto de 2011

Jogo

As mulheres mais lindas já me deram bola
mas eu sempre joguei mal

Metade da vida no banco
muito tempo na retranca
e o resto correndo atrás de adversário botando banca

Nem gosto de futebol
e toda essa analogia
não é assim genial

— eu gosto de poesia...
Sou um puta perna de pau

8 de agosto de 2011

Ladeira

Vejam só, no começo desse ano (2011) eu um dia me senti como quando eu era criança. De repente parecia que eu estava mais alto que o normal.
Eu estava sobre a bicicleta em uma ladeira a 60 Km/h e de repente pareceu que as minhas sensações não pressupunham nada.
Eu passava pelos carros, mas eu não enxergava carros. Enxergava só cores, luzes sombras. Sentia um vento gelado. Eu estava mais alto que os carros. Mas não é normal eu ficar mais alto que os carros? Fiquei alumbrado.
Me lembrei de habitar a minha casa quando eu tinha três anos, quando a casa era maior e eu imaginava que se eu pulasse do alto de uma cadeira talvez eu flutuasse um pouco, antes de cair.
De certa maneira eu sabia o que estava acontecendo. Sabia que se eu fizesse besteira poderia sofrer um acidente, mas parecia que isso era só uma tentativa de decifrar o que estava sendo mostrado. Parecia que as sensações, a ideia do que se passava e a realidade em si estavam descoladas. Não dava pra fazer o link. Talvez meu instinto me protegia melhor que minha consciência.
Talvez eu estivesse com febre. Com febre ás vezes dá a impressão de que o chão fica distante, de que tudo fica longe, de que os segundos passam mais rápido, de que o silêncio grita no meu ouvido. Mas não era isso. Não tinha silêncio gritante e nem barulho. Só tinham sons graves e agudos, ruidosos ou melodiosos, altos ou baixos. Só tinha esse filme. Esse filme que passava como uma obra de arte que a gente pode ver, apreciar, ouvir, gostar ou não... Algo que a gente não pode entender, só se pode interpretar.