29 de dezembro de 2010

De boa

Tô de boa
de boa na lagoa
largado largo alagado
banhando na garoa
ganhando fama de garoto a toa

Tô na boa
tô a toa
to afogado de alforria
afobado em calmaria
afundado em alegria
lavado líquido largado
lambusado em lama límpida e louco
mergulhado no lábio
molhado de uma linda loura
caldo pescado linguado
escaldado em molho e molhado
to de molho
tranquilo naquele ditado popular
quem tá na magoa é pra se malhar

na boa
to a toa numa boa
e isso não destoa do meu canto cururu
lagoa canto de alma levada
to de boa e to a toa
se te magoa pau no seu cu

larga a mão
relaxa!
goza e não engole
alastra e rebola bola
lamba o bolo livremente louco ou louca
se livra e leia minhas palavras faladas
recoloca
me fala se não é bom calar
a boca desfolha em um olhar

olha bem meu bem
numa boa
to a toa numa boa
vem se molha
fica de boa!Fica bem suada! Boa também!

23 de dezembro de 2010

Caia na real

Sai
Você não é bem vinda
Você pode ser linda
mas não vou te aceitar
me deixou sozinho agora vem me chatear
não me azucrina
menina, não quero você
aqui

Se
eu não te quero mais, por que você vem?
Tenho certeza, já não me quer também
pois até entrando aqui se retira
e me trata como um
ninguém

Mal
Me disse que não sou legal
xingou o nosso carnaval
me tratou como um animal
...
e vem aqui perturbar o meu sono
não sei como consegue ser tão ruim

Vai!
Caia na real!
Saia!

Vai!
Caia na real!
Saia!

Não importa a barreira que eu ponho
você sempre invade meu sonho


Eu não sei a quem quero enganar
Você é a única que posso amar
vou sair pra poder te encontrar

Eu não aguento me sentir tão mal
Sai do meu sonho e vem pro real
que eu te amo e não posso negar

18 de dezembro de 2010

Harpa esquisita

Dói-te a festa feliz da verdade da vida...
Tanges a harpa, em teu sonho, almas ou cordas, cantas,
Bóiam-te as notas no ar, a asa no azul diluída
E, assombrado, reptis — homens, não! Tu levantas,

E apupilam-te a fronte as mil pedras agudas
De ódios e ódios a olhar-te... E és um rei que as avista.
No halo, de amor, que tens! se em colar as transmudas,
Vais — um dervixe persa, o mato azul — Artista!

Inda olhar, adormido abre, e é de ocre, e avermelha!...
Vem colar-te ao colar.. e oh! tua harpa esquisita
Plange... flora a zumbir, minúscula, que imita
A abelheira dor, em centelha e centelha.

E é a sombra... E o instrumento, a gemer iluminado,
Como que à Noite estrela um núbio corvo... E lindo
(inda que as asas tens não terás ao lado)
Porque os pétalos d'ouro, a haste de prata, abrindo,

Um lírio de ouro se alça? os paços voam-te pelas
ribas... Oh! Que ilusões da flor, que tantaliza!
Sobe a flor? Sobes tu e a alma nas pedras pisa?...
Pairas... Em frente, o mar, polvos de luz — estrelas...

Pairas... e o busto a arfar — longe, vela sem norte.
Negro o céu desestrela, o seio aqueando: escuta.
No amoroso oboé solfeja um vento forte
e, alta, em surdo ressôo, a onda betúmea e bruta,

A ânsia do mar, lá vem esfola-se na areia...
Seu líquido cachimbo e mágoa acesa, e fuma!
E chamas a onda: "irmã". E em fósforo incendeia
Na praia a onda do mar, ri com dentes de espuma.

De ametista, em teu sonho, uma antiga cratera
Mal te embebe — alegria! — alvos dedos de frio,
Eis se te emperla o rosto e a prantear vês, sombrio
A onda crescer, rajar-se em Brutal Bêsta-fera!

Olhas... E, soluçoso, à música das mágoas
Amedulas o Mar e amedulas a Terra!
A sombra aclara... E é ver a dança verde de águas
E arvoredos dançando ao coruto da serra!

Gemes... Dedando o Azul as magras mãos dos astros
Somem, luzindo... Ao longe, esqueleta uma ruina
Em teu sonho a enervar argentina, argentina...
De ilusões, no horizonte, ossos brancos... São mastros!

Quente estrias a alma, à frialgem, nas cousas...
Que bom morrer! Manhã, luz, remada sonora...
Pousas um dedo níveo às níveas cordas, pousas
E és náufrago de ti, a harpa caída, agora.

Ah! os homens percorre um frêmito. Num chôro...
Move oceânica a espécie, amorosa, amorosa!
Mais que um dervixe, és deus, que morre, a irradiosa
Glorificaçãod e ouro e o solde ouro... à paz de ouro.
..............................................Pedro Kilkerry

Quando eu crescer vou escrever assim.

8 de novembro de 2010

Transição

Minha alma está com trauma
caindo fora a trava da jaula
uma ânsia, uma pressão
irão logo aos ares

quero o caos
quero a calamidade
quero de quebra a calma

2 de novembro de 2010

Estou perdido
Vago

V
-A
G-
-A
R-
-O
S-
-A
M-
-E
--N
-T
E

.
.
.

can-sei-de-va-gar

Não paro!
Tiro os óculos pra poder não enxergar
Qualquer caminho me presta
porque não sei onde quero chegar
mas chego lá

27 de outubro de 2010

Máquina

A máquina de café engoliu a moéda!
A máquina engoliu o café!
A máquina engoliu bom humor!
A máquina enguiçou o desejo!

A máquina enguiçou
A máquina ficou sem café
A máquina quebrou
A máquináquináquináquinááááááááaááá

21 de outubro de 2010

subo ao parnaso. Faz-me gargalhar
gás rarefeito longe do real
e lá embaixo o pranto está no ar
está no cheiro fétido banal

desço de novo e choro sem parar
a dor de entrar no êxodo formal
a dor me prende, é plástica, fará
com que me perca em meio a esse mal

estou tocando um rústico alaúde
prefiro o punk podre tipo inglês
não quero um monte grego degradê

alguém me ajude, tudo fiz que pude
fiz um soneto dois e agora três
e quanto esforço fiz pra não fazer

19 de outubro de 2010

The body and the mind

I read somewhere:
No body, never mind

I heard in my head:
nobody never mind

I coud've wroten this
more than anybody
but I don't mind
Whatever, never mind
brilliant it is

no-bo-dy-ne-ver-mind!

12 de outubro de 2010

Abraços dobrados

É pelo meu espírito quebrado
que brado
nesta carta manuscritos ousados
ou vagos
de desejo que deduzo ser por você.
Vou ser
da fraqueza de não poder pôr em palavras,
da lavra,
a força do discurso desses almaços

Abraços dobrados!
...praticamente um amasso.

25 de setembro de 2010

Preciso cuspir:

Sou um poço de pudor
Pudor não sacia a sede
Só seca

Preciso pecar
Me empreste um pecado
pra me consolar
Me peque

Preciso parar
com as plurais interrupções
parar de parar
subir

Preciso soltar
a pressão de secura
de pavor e pudor
depressa

Precisoparardepressa!

Preciso cuspir
ou vou explodir

17 de setembro de 2010

Poesia contra os astros

Parece sempre ficção
mas se afigura na vida
o mapa astral que ganhei
presente de aniversário
mostrou certo espelho cruel

"apesar das ambições
que são grandes e são muitas
sua força é insuficiente
pra poder concretizá-las"

mercúrio, netuno, saturno, sol
Tenho uma canção pra vocês

5 de setembro de 2010

Via Láctea

Eu quero viajar
pra bem longe daqui
Longe da solidão!
Longe da solidão!

Meu pequeno lugar
de onde pode-se ver
essa imensidão!
a imensidão!

Via Láctea!
O infinito meu lugar
O invisível desenhar
Via Láctea!
Poesia nunca vai acabar

Me aceite minha deusa
quando eu te encontrar
vou beber seu deleite
pra conseguir força
força pra continuar
a viver

Mas...

Se nunca eu te encontrar
assim dá pra ficar
dá pra me alegrar sim
com a alvura do luar
e com a grande galáxia
que há dentro de mim

28 de agosto de 2010

Vida, coisa mais linda!

Ah! Eu não mereço essa vida
essa coisa mais linda
perfeita pras pessoas
que podem me pisar

Eu
não mereço essa vida
essa coisa mais linda
perfeita pras pessoas
que podem me pisar

e me pisar
e me pisar
e me pisar
pra nunca mais parar!

e me pisar
e me pisar
e me pisar
pra nunca mais parar.

pisam em mim
como merda no jardim
como promessa pra santo querubim
ajoelham
na minha cara
Ai! Que dor!
essa dor que nunca para.

Eu não mereço essa vida
essa coisa mais linda, perfeita
pras pessoas que podem me pisar

e me pisar
e me pisar
e me pisar
pra nunca mais parar!
e me pisar
e me pisar...

10 de agosto de 2010

Amor de merda

Esse amor é uma merda
me dá vontade de cagar
intestino apaixonado
ele só quer se revirar

tinha um grande sentimento
grande demais pro coração
revirava em meu estômago
e não fez a digestão

quem sabe uma lavagem
intestinal pra esquecer
o alimento de alma porca
na latrina vai descer

Espero talvez um dia
que acabe esse tormento
que acabe o sofrimento
essa infinita desinteria
que tanta gente gosta

Rabellais parece que quer me inspirar
não saio do lugar onde sou rei
Bosta! me apaixonei

2 de agosto de 2010

Well well

The first time they talked about You
I thought You could just make me bad things
those things You used to use to impress
those things You used to do was so sad

but now, you're here at the dancing floor
now I know you a little more
what I wanna get is You
What I wanna tell is

Oh girl! You're doing well
Oh girl! you're doing fine
Oh girl! You're doing so well
Oh girl! you'll be mine

With You I can tell
You'll put me out of the line
'Cause girl! You're doing so well...
Whith You I fell fine

last time I saw You I don't know what I felt
I just know was nice
I just know that it was the strongest feeling
that I had in my life

14 de julho de 2010

Era pra ser prazer

"please, tell me what we've learned
I know it sounds absurd, but
please tell me who I am"

_____________________________ Rick Davies (Supertramp)


flores suaves e multicolores
ontem estavam tão lindas e alegres
vinham perfumes tocar minha pele
junto com o vento cantavam baladas

hoje, queridas, só trazem-me dores
trazem-me rimas, banais, mais banais
trazem-me música fraca e travada
fincam sofrer nesta alma abalada

ah, minhas flores, a cor não mudou
nem o perfume ou a forma ou o vento
tento entender, mas não dá, eu não posso.
Falta um negócio, saber quem eu sou.

12 de julho de 2010

Sonhei

Sonhei que te queria
sonhei que sonhava acordado com você
acordei um bebê que chorava
sem saber se sonhava ou vivia

O sonho ainda não acabou
ou sonho é o real nessa vida
Pois na verdade nunca soube
e continuo sem saber

Tento e tento e tento...
Tento te esquecer
mas o inconciente insiste tanto...
Vivo sonhando com você.

15 de junho de 2010

Um pouco de sufoco

A copa me sufoca
a sala me convoca pra ver
o povo que vira brasileiro
de quatro em quatro anos
me invoca
amo sempre minha nação
esse repente parece provocação
Vou vocalizar este refrão!

Odeio esta época
essa épica esportiva
dane-se a ética
Hexa! Viva!
Nesse sentimento desemboca
esse sufoco que é a copa!

20 de maio de 2010

Como afundo sem razão

Espirro de absurdo
manifesto de inspiração
incoveniente incontesta
despertar de dispersão
que extrai do inconciente disparates
palavras dispersas
bagunçadas por sentimentos incertos

Medos desmotivados
desejos latejantes
tuque batuque demente

insistente a mente
tenta uma coesão
tornar pacífico o desentedimento
conflito do tipo: — Quer ir? — Pode.
Trazer pra perto a prosaica discrição
arte descritiva do bom escrivão
de desconcretização

mas volta no momento
o último ressentimento
Medo
o medo de olhar
impede a descrição de olhar
torna indiscritível o olhar

medo medo medo
ser olhar tocar
olhar leitor julgar
volte mente ao lugar!
novamente ao lugar...

o dia não tem luar
Pantagruel vem me chamar
serei Franco Moretti
agora saí do sério
é a mais pura mentira
não há preenchimento
há bifurcações de fúria
furos de ira
sonho de indescrição
de beijo no olhar
— acordado —
de sentar no meu colo
o corpo e cabelo.
A carga de ressentimento
deu corda ao devaneio
o medo virou paixão
a mente foi pra escanteio
no reino da sensação
indiscreta
livre
associação

Ação de sapo
dissocia
diz sofia
fobia
medo
meio
veio
feio
fim.
sim!
incumprido!
encomprido tudo
sinto tudo
encontrado e tragado
num mar de anti-sentido
maravilha
olho vil
sexteto trolho
lhama fama
corazeda coração
coro de corais parafuso
sujo sujiscuro
desrritimado no vôo
do cimento ciumento.

1 de maio de 2010

A morte absoluta

Morrer.
Morrer de corpo e de alma.
Completamente.
. . . . . . . . . . . . Manuel Bandeira


Às vezes
eu queria morrer

Não como um suicídio,
não como Castro alves
Álvares de Azevedo
werner e a sociedade
dos poetas mortos

só morrer só
sem solidão
Sem ofuscar
sem escurecer

não uma vida finda
não alma viva ainda
mas morte pura, a morte mais linda

queria ser tudo que não é por ser o que é
morte da cor que o cego vê
que não tem por que porque não tem
morte forte que não tenha rima
por não ter nada em cima
morte sem sinal, por não ter sina

Só queria ser algo que se algo fosse
seria morto imortal, sem motivo
seria feliz por não ter emoção
eternamente completo por não ser

25 de março de 2010

17 de março de 2010

Um doce

O amor me pediu um doce
mas tudo que eu tinha era um queijo
o que eu tinha era um queijo fedido

o amor pediu-me uma flor
mas só o que eu tinha: ...dor
cheirando medo ardido

O amor me pediu fosse o que fosse
mas isso eu não tinha em posse
só coisas: queijo, dor, pedido...

Pediu um sentimento qualquer de papel
sinto muito! “ai meo deus do céu!”
não tenho. Não é por mal

o amor me despediu
agora isso eu tinha
feliz eu dei um “tchau!”

25 de fevereiro de 2010

Abstinência

Eu não uso qualquer coisa
pra mim tem que ser da pura
barato qualquer comum
não anima nem impressiona.
Dependência emocional
infortúnio depressivo
doênça que não tem cura
que me prende ao maior mal

Mal que me consome
Mal que me consola
vício que não finda
fuga do real

faz com que eu me sinta tão bem
hoje eu só queria esquecer
hoje eu queria rolar solto
amor você me deixa louco
e eu queria me entorpecer

uma viagem, uma ausência, um deslise
e me vem essa insuportável crise
eu 'tou em abstinência de você

25 de janeiro de 2010

Sobre gente

— Mas ela também é gente boa.
— Ela é gente boa, mas é ruim. Ele é gente boa e é bom.

12 de janeiro de 2010

Um dia...

serei Ícaro com alma de fênix!
E então me erguerei das cinzas de Apolo

Por enquanto sou Igor

caído


queimado



desalmado




sem consolo.

7 de janeiro de 2010

Amor paulista

Eu estava andando pela paulista e dei de cara com ele. A gente não se via há tempos, no começo pensei que ele não tinha me reconhecido, estava com o rosto em semi-perfil, olhando pra rua, mas depois olhou para mim. Oi. Oi! Há quanto tempo? Eu me encantei e sorri. Um tempinho. Que tem feito da vida? Ah! Estudando bastante.

Engoli em seco. Ele fez mensão de ir, eu insegura juntei coragem. Me passa seu número. Quem sabe quando a gente vai se encontrar de novo? Ele respondeu de prontidão: pode deixar que eu te ligo, ainda te tenho na minha agenda. Tá bom! Meu rosto formigou. Até mais! O sorriso dele reluzia.

Nem sabia que ele tinha meu número. Mal posso esperar ele ligar.