26 de dezembro de 2011

Tempo de Natal

O Advento
contemplação
sentimento
de união
nascimento
luz
e no seis
dia de reis

O calor
a energia
o sabor
as canções
a alegria

Uma vez
por ano
a força
desses dias

abraçemos a todos
não queremos mal
desejo a cada um
feliz tempo de natal

Mundo moderno 2.0

milhares de vozes
soando
milhares de ondas
voando
três, quatro, cinco
falando
mas nunca se falam
e se falam
a distância
aumentando
me aperto entre um monte
me molho, indisposto, desgosto
olho um pouco pra eles
que não me vêem
e escrevo pra eles
que não me lêem

e a distância aumentando
viajando
pensando
sempre me intrigando
no mundo moderno em que ando

9 de novembro de 2011

Água pra se coçar

Justiça mole em gente rica
tanto tarda até que falha

justiça dura em gente dura
é tanta...

que chega a parecer injustiça pura

6 de novembro de 2011

Arte possível

Fonte: infonet.com.br

No público
parede e porta é arte
e tem arte e a barriga ronca
vem limpeza, vem bronca
desagrado

sentado
e tudo é estrago
e os papeis cato
é feio
é desordem
de prazer
só alívio.
como pode ser.


No público aqui
e o papel eu sujo
e a parede é suja
e o cheiro é nojo

nada se fala
nada se toca
nada se olha
nada se gosta

aqui tudo que sai é bosta

19 de outubro de 2011

Cortei os pulsos cuticulosamente.
passei esmalte vermelho
minha maquiagem mente
esconde as cicatrizes
e rugas do coração

12 de outubro de 2011

Soprando

com que sorte a gente se agita a coitoar
o que se quer que se queira querear
a qualquer momento estopinante de outro lugar
que se estenda como a latitude astuta
de qualquer analu soturno
frequentemente anardo sonolento
acostoado de doida assombração?

soturno alomorfe sonoro
cocar de cobuti anadolo
assustando
a mente se aturde
como
o que mais a gente quer
cair de todo o sopro
antonta soando
a gente sente que se perde
a vez de cantar
a cantados de castro foutes
e aluando
siando
suando
soando

1 de outubro de 2011

ossevA

as musas cantam para o poeta
os funcionários exploram os coitados acionistas
os filhos criam as mães e sustentam o pai
o tempo para

.
.
.

e a origem de esperança é um tapa na cara
e toda opressão é prazer e afago

sozinho, tranquilo, bem pago
e amar é o maior pecado

27 de setembro de 2011

surto

...e o nervosismo se agravou. e de repente virou angústia.
não o livro. aquele sentimento agudo e doído mesmo. que vem em turbilhão como essas palavras que voam ao papel. e todos os sentimentos reprimidos durante a vida toda surgiram e se jogaram no estômago. E aquele homem que pensava na sua vida prática e vazia de solteiro começou a entrar em um semi-pânico. Ao mesmo tempo em que um vazio no peito e uma pressão no estômago causavam uma sensação de que a morte passava pra dar um oi e bater um papo, numa presença não da eternidade da morte levemente estampada no sono, mas da intensidade do seu processo momentâneo como que apresentado em tempo estendido, se manifestava uma ânsia imperiosa de não deixar transparecer os cúmulos e acúmulos de angústia que se espremiam abaixo da insignificância de um corpo minúsculo em face da simples parcela de sistema estelar, que é parcela de galáxia, que é parcela do que se pode imaginar como universo, que é o planeta terra; e de uma mente limitada que normalmente funciona usando menos de 10% da sua ínfima capacidade.
Nem lendo-se e relendo-se a confusão se solucionava, como pode funcionar com o outro parágrafo. A imensa dor, que não se podia distinguir como sensitiva ou emocional, pois as sintomatizações que surgiam e aumentavam tornavam-na talvez mista, na medida em que algo físico pode não ser emocional, pungia e exigia algum tipo de atitude não ordinária. Surgiam vontades de se agredir alguém ou algo, de se gritar, de se pendurar nas barras do coletivo, balançando e esbarrando nas pessoas, cantando uma música experimental contemporânea mixada com uma faixa de Tom zé Danc-eh-sah, um oh e um ah e um dó ré mi fá com uma sinfonia de Straus em parceria com Edu Lobo. O que se manifestava era uma espécie de gemido, que saía como um vocalize gutural sem sentido que exalava aquele bafo de sanduiche que não quer digerir em um estômago sobrecarregado dessa maldita energia, chame-se chi, cosmos ou pula-pirata de Deus. Mas isso não adiantava e ele olhava em volta já ficando um pouco surpreso de não ouvir um "está tudo bem?" de alguém. Pegava a caneta e tentava escrever alguma coisa que fingiria ser uma ficção na tentativa de aliviar de alguma maneira o problema ao invés de ficar apenas lembrando o poema "Carlos, não se mate". Não adiantava também, o surto começava a se estender à coordenação motora da mão de escrita e as frases "Faca no peito. Faca no peito." começavam a se transfigurar em livre associações que deviam ser passadas ao psicanalista, depois em desenhos enfadonhos e depois em uma série de rabiscos que desfilavam no papel no ritmo suave de um trash metal acelerado que martela a consciência de quem não sabe o que fazer da vida e precisa se liberar. O papel rasga, se passa à outra folha e outra e o leitor já começa a pensar "Caramba! esse negócio não acaba não?" uma espécie de asia fura como uma broca um ponto do estômago que tem dois centímetros de diâmetro no máximo, como se fosse algum tipo de verme ou álien. A náusea vem e ele pensa "cacete, não posso vomitar aqui" faz uma careta depois se encolhe depois se retrai depois vira os olhos e depois olha para as pessoas no ônibus mais uma vez surpreso que ninguém pergunte se está tudo bem quase desejando que aconteça. Deseja que surja algum conhecido apostando que a sensação sesse ao menos temporariamente. Mas o contínuo continua sem divisões racionalizantes que possam explicar de alguma maneira a causa motivo, razão ou circunstância de surgir a lembrança do seriado Chaves em meio ao discurso. e o saco de quem escreve acaba. melhor ter piedade de quem lê e continuar talvez o blábláblá narrativo outro dia.

11 de setembro de 2011

Procura

olhares
vozes
palavras
respostas
idéias
trabalhos
atos falhos
mulheres e mulheres

na net
no blog
na tv
na rua
no céu no sol e na lua

no vestido
no toque
no desejo
nos seus olhos um não sei quê
na linha em suas costas
nos olhos
nos perfis

talvez ser feliz
uma razão
uma loucura
quem sabe
talvez
uma outra procura

4 de setembro de 2011

Lua

a lua
continua
sendo despida pelos velhos poetas
déspotas

pura e simplesmente
pra fazer rimar

31 de agosto de 2011

Jogo

As mulheres mais lindas já me deram bola
mas eu sempre joguei mal

Metade da vida no banco
muito tempo na retranca
e o resto correndo atrás de adversário botando banca

Nem gosto de futebol
e toda essa analogia
não é assim genial

— eu gosto de poesia...
Sou um puta perna de pau

8 de agosto de 2011

Ladeira

Vejam só, no começo desse ano (2011) eu um dia me senti como quando eu era criança. De repente parecia que eu estava mais alto que o normal.
Eu estava sobre a bicicleta em uma ladeira a 60 Km/h e de repente pareceu que as minhas sensações não pressupunham nada.
Eu passava pelos carros, mas eu não enxergava carros. Enxergava só cores, luzes sombras. Sentia um vento gelado. Eu estava mais alto que os carros. Mas não é normal eu ficar mais alto que os carros? Fiquei alumbrado.
Me lembrei de habitar a minha casa quando eu tinha três anos, quando a casa era maior e eu imaginava que se eu pulasse do alto de uma cadeira talvez eu flutuasse um pouco, antes de cair.
De certa maneira eu sabia o que estava acontecendo. Sabia que se eu fizesse besteira poderia sofrer um acidente, mas parecia que isso era só uma tentativa de decifrar o que estava sendo mostrado. Parecia que as sensações, a ideia do que se passava e a realidade em si estavam descoladas. Não dava pra fazer o link. Talvez meu instinto me protegia melhor que minha consciência.
Talvez eu estivesse com febre. Com febre ás vezes dá a impressão de que o chão fica distante, de que tudo fica longe, de que os segundos passam mais rápido, de que o silêncio grita no meu ouvido. Mas não era isso. Não tinha silêncio gritante e nem barulho. Só tinham sons graves e agudos, ruidosos ou melodiosos, altos ou baixos. Só tinha esse filme. Esse filme que passava como uma obra de arte que a gente pode ver, apreciar, ouvir, gostar ou não... Algo que a gente não pode entender, só se pode interpretar.

29 de julho de 2011

Existência

Quando eu era bem criança as coisas que eu via, as imagens e sensações não tinham vínculo com a existência. Quer dizer, lembrando de como eu sentia e experienciava as coisas, elas eram como imagens soltas. Como um filme.
Se eu olhasse por exemplo para um carro, eu não conseguia automaticamente pensar que aquilo era algo que já existia antes de eu ver e continuaria existindo depois; que era algo que tinha uma profundidade, peso, materiais variados em sua composição, que era algo inventado pelo homem, feito numa fábrica, etc, etc. Uma droga de um carro comum como outro qualquer, que faz barulho e para no trânsito.
Nada era automatizado. Não dava pra ter uma noção total e precisa de profundidade. Às vezes eu me sentia mais alto ou mais largo meio que do nada.
Imagino que essas coisas aconteceram com todo mundo. Aposto que você também tinha alguma dificuldade em diferenciar sonhos e realidade. Sonho também tem imagem, barulho, pessoas e coisas confusas. Eu realmente não sabia direito quais as coisas que tinham acontecido de verdade, confiava em mim mesmo menos ainda. Se a gente não fosse tão preso ao nosso vício de achar que as coisas vão ser sempre iguais a gente ainda teria essa dificuldade.
Hoje em dia dou tão pouco valor ao sonho que quase nunca lembro o que eu sonho. Enquanto escrevo não faço a menor idéia do que sonhei ontem.

26 de julho de 2011

Jongueiro novo

Saravá ioiô
leva fulô pra iaiá
Saravá ioiô
leva fulô pra iaiá

Tira dor daquela nega
que não para de chorar
Tira dor daquela nega
que não para de chorar

Ai! Eu vou!
Eu vou, eu vou pra lá
Eu vou dançar o jongo
Eu vou o jongo dançar

15 de julho de 2011

A chanson

I've ever been locked in some kind of kage
but now i've got you all
i've got a smile upon my face
i have the chance to make a chanson
i have the chance to make a change

1 de julho de 2011

Café

Letargia no dia-dia
as letras se mistarundo
me lantevo de pé e adno
retomado, meu rosto se retorce

— Odeio Café

Café certo,
forte,
amargo.
Acordoado, os neorônios se agitam:
Odeio café!
penso lembro rápido as letras e linhas
minha fraqueza se define
de embaçado a desforme
contorno de descontrole
de quando acorda, de quando dorme.
Odeio café forte!
odeio gente fraca, café forte,
que se definha de vício fácil
de rotinazinha mesquinha

Tempo forte, turvo, amargo
ver voltas, ver tudo que passe
somar-se dia, soma mês, soma ano
só me fiz trago no soma paulistano

25 de maio de 2011

Caso

Esse nosso caso
é puro acaso

num encontro, trombada
encruzilhada
é um caso de amor...
e de nada

agrada
sei que não é pouco caso
mas dá uma vontade...
e faço caso
meio sem querer

Ah! Meu bem querer
se por acaso
quiser amizade
(amor pra eternidade)
passa em casa, vai?

quem sabe me caso

19 de abril de 2011

Encontro ao desencontro

O sol começava a se esconder atrás das nuvens. Sentou na calçada o Hélio, cabeça baixa, cara de poucos amigos. Uma moça, Estella, o viu de longe, vir como a água da sargeta numa chuva forte que Deus chora.
— Tudo bem?
— Não enche o saco!!! Soltou sem levantar os olhos, cuspindo palavras e saliva. Nem reparou que ela tinha olhos ao mesmo tempo serenos e brilhantes como o Sol. Mas o tempo não era propício. Ela não pode fazer outra coisa senão dar as costas chateada.

A intenção não era ruim, nem ele era ruim, mas ela não reparou como ele fitou suas costas com um pouco de culpa por ter descarregado sua energia tanática nela, que não era a causa da sua irritação. Não havia como prever que os dois poderiam se dar bem, que os dois gostavam de atividades ao ar livre, os dois bebiam socialmente, que os dois eram iguais e diferentes, que os dois poderiam ensinar muito um ao outro... Não havia como prever uma circuntância favorável. Nessa tarde só acharam uma porta fechada, e suas vidas prosseguiram na neblina, tateando.

Quando ela chegou em casa imaginou o que podia ter deixado o homem daquela maneira. Talvez o trabalho, talvez ele seja de escorpião, ou de leão. O sangue pode ter subido a cabeça. Já ele nem lembrou mais, mas sentiu-se sozinho porque quis falar com um amigo, mas não pode encontrá-lo. Um desencontro, foi virar-se na cama se sentindo na contra mão.

5 de abril de 2011

Povo infeliz à moda da casa

Ingredientes:
Toneladas de Recursos naturais
180 milhões de habitantes
uma elite rica
uma esquerda hipócrita
kilos de burrice

Ferramentas:
uma mídia comprada
Escolas públicas abandonadas.

Preparo:
Joque os habitantes no território, dê todos os recursos possíveis aos ricos e deixe o resto sem ter pra onde correr. Coloque os filhos da elite misturados à esquerda e deixe que eles façam manifestações bagunçadas e sem sentido que só irritam a população. Ensine a burrice com cuidado até formar pasta quase homogênea de ignorantes, utilize a mídia e as escolas públicas.

Se alguém provar a desgraça coloque a culpa no destino, no "certo por linhas tortas" ou na influência da cultura muçulmana.

26 de março de 2011

Do nada

Um sentimento indefinível sopra aquele vento na espinha
bate um quase desespero, passivo passional
um não sei quê se assoma e se soma ao tédio

uma espécie de solidão infundada
brota, surge, pulula,
se materiarializa abstrata
do nada

e então busca
pro-cura
revista sites livros blogs
de tudo debalde
aciduamente, sem base

quem sabe algo que satisfaça
ou quem sabe logo isso passa

22 de março de 2011

Cerveja cerveja cerveja

Propaganda de cerveja com Juliana Paes. Advertência: Aprecie com moderação.
Propaganda de cerveja com Paris Hilton. Advertência: Se beber não dirija.
Propaganda de cerveja com Sandy. Advertência: este produto é destinado a adultos.

9 de março de 2011

Carnaval, Dia da Mulher

A Globeleza de verdade é Loira
bem Branca e Burra
meio Ana Rica
pensamento mundano

uma Barbie durante o ano
e no Dia da Mulher
Nega Fulô, Boneca de Pano

pano ou plástico...
e Carne, muita carne
Vendida Consumida
trocada de modo vulgar

Carnaval!
Mulher reverenciada!
Só pode ser Piada
essa Beleza Fabricada

4 de março de 2011

Nuvem negra

satura
mas envolve como anéis
a tristeza entorpece
importa por esporte
repele
repete
corta o gilete
face sete

comove
entedia
sabedoria que enfastia
não tem limite esse apetite
é limítrofe
libidinoso
álibi alí
uma fase
um quase quase
um corre corre
atrase
um repente de repente

repete
prata ardente
dente com dente
descontente
chega!

indecente semi-nudez
a nuvem negra sobre a lua outra vez

14 de fevereiro de 2011

Lua cheia



Antares, três marias, polar presentes
órion, ursa maior e menor
depois de cancer o leão ruje
e então virgem sem demora
marte no crepúsculo
vênus na aurora
um cometa foge triste e só
relanceio o cruzeiro só agora
desorientado
fito a prata

libra pesa meus medos
preciso de um regime
pégasu voa longe e sagitario assassina

vagalumes vagam
lampeões ao lado
uma lanterna é brinquedo

tudo apaga logo cedo
tudo reluz junto ao luar
mas ninguém brilha mais...

Na noite soberana do meu pensar

3 de fevereiro de 2011

cor

Não acredite nas minhas roupas
não acredite nos meus lábios
não acredite no sorriso
nos meus olhos e cabelo
não acredite na luz do sol
molusco fusca um soco
tudo é cinza
tudo é azul

1 de fevereiro de 2011

Aah!

Cabeça cansada
meu corpo acostumou com pancada
o dia-dia paulistano
trabalha compra trabalha compra

depois veja, a novela
depois humor depois morte depois dívida externa
é tão lindo que me dá vontade de gorfar
minha cabeça não suporta a inteligência

alegria e ilusão
por que não?
tem até aliteração
outro dia olhei pro rio e vi o meu reflexo
pena que tinha um torosso na minha testa
acho que a inteligência se atesta

Deu vontade de fazer festa
homem banco, mulher no açougue
homem perto, mulher longe
revira no meu peito uma revolta
mas nunca se solta
explode e implode de volta

prison break? não.
prisão branca
que todo dia me espanca
espanta, mas nunca se desfaz
nunca se desmonta
preciso de ajuda
vamos fazer uma afronta?
porque será que essa idéia
essa força, só ela
a gente nunca compra?
queria saber, ou não querer mais
sei lá o que queria, podíamos viver em paz