27 de julho de 2009

Falta de educação

Um homem senta-se à mesa de súbito
perto de um menino e seu pai
(Um homem desconhecido)
Coça as partes íntimas
engole seu pedido
arrota reclama paga e sai
— Que homem mal educado!

Um homem diz palavras feias
Estava indignado
os respeitáveis se escandalizam:
— Ora faça-me o favor!

Um homem diz palavras feias
Estava calmo
os professores se escandalizam
Homem ou professor?

Um homem nada diz
Está feliz,
está passando os canais,
está certo de que não há motivos pra se indignar.
Estou escandalizado.

16 de julho de 2009

Não quero mais

Quando penso
em você eu sinto um aperto
no peito
suspeito
que gosto de você

Toda vez que te vejo
não vejo mais nada
além do beijo
com qual eu tanto sonhei

Quando estou deitada
me viro na cama
só fico pensando
quando
vou te ver

Não quero sonhar
estou cansada
não quero mais
eu quero te amar
eu quero você aqui comigo
porque eu adoro o que você me faz
sentir

Quando eu sinto teu cheiro
quando eu ouço tua voz
quando você me enche de vida
eu sinto que posso voar

Mas caio na real depois
e sinto que falta você
que falto eu
faltamos nós dois
faltamos nós

Eu quero sair do meu quarto
correr pra você
te chamar
porque eu preciso da sua chama pra me iluminar
preciso de você agora
não demora
vem cá

11 de julho de 2009

Rumo às maravilhas

Alice segue sem se perguntar onde vai
mesmo sem saber por que, entra e sai
não visa nem evita o grito de ai
não sabe a profundidade do buraco que cai

Somos todos Alices perdidas
sem passaporte, direto
entramos e moramos anos em nossas vidas
sem saber em que país estamos

louvamos aventura
pensamos desrazão
desejamos racionalidade
vivemos loucura
somos insanidade

Vai! Vai Alice, ingênua criança
aproveita enquanto a alegria te alcança
não se apresse a entrar em nossa dança

não sei mais a letra da música
de lagosta branquinho ou camarão
minha cabeça anda confusa
Chapeleiro! mais chá de ilusão!
pois enxergar é tanta utopia
à sombra da ciência que afasta a alegria
que beber menos chá não é opção.

Não vale o esforço sanar o coração,
escolher pelo destino a direção,
tentar prever o que esperar,
e destinar-se a decepção.

Vamos! Venham viver!
Iremos decididos
sem objetivos
sujeitos a todas as dores com muito prazer.