19 de abril de 2011

Encontro ao desencontro

O sol começava a se esconder atrás das nuvens. Sentou na calçada o Hélio, cabeça baixa, cara de poucos amigos. Uma moça, Estella, o viu de longe, vir como a água da sargeta numa chuva forte que Deus chora.
— Tudo bem?
— Não enche o saco!!! Soltou sem levantar os olhos, cuspindo palavras e saliva. Nem reparou que ela tinha olhos ao mesmo tempo serenos e brilhantes como o Sol. Mas o tempo não era propício. Ela não pode fazer outra coisa senão dar as costas chateada.

A intenção não era ruim, nem ele era ruim, mas ela não reparou como ele fitou suas costas com um pouco de culpa por ter descarregado sua energia tanática nela, que não era a causa da sua irritação. Não havia como prever que os dois poderiam se dar bem, que os dois gostavam de atividades ao ar livre, os dois bebiam socialmente, que os dois eram iguais e diferentes, que os dois poderiam ensinar muito um ao outro... Não havia como prever uma circuntância favorável. Nessa tarde só acharam uma porta fechada, e suas vidas prosseguiram na neblina, tateando.

Quando ela chegou em casa imaginou o que podia ter deixado o homem daquela maneira. Talvez o trabalho, talvez ele seja de escorpião, ou de leão. O sangue pode ter subido a cabeça. Já ele nem lembrou mais, mas sentiu-se sozinho porque quis falar com um amigo, mas não pode encontrá-lo. Um desencontro, foi virar-se na cama se sentindo na contra mão.

Um comentário:

  1. Poderia trocar esse "Hélio" por um "Fernando" que as coisas continuariam iguais...

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