29 de julho de 2011

Existência

Quando eu era bem criança as coisas que eu via, as imagens e sensações não tinham vínculo com a existência. Quer dizer, lembrando de como eu sentia e experienciava as coisas, elas eram como imagens soltas. Como um filme.
Se eu olhasse por exemplo para um carro, eu não conseguia automaticamente pensar que aquilo era algo que já existia antes de eu ver e continuaria existindo depois; que era algo que tinha uma profundidade, peso, materiais variados em sua composição, que era algo inventado pelo homem, feito numa fábrica, etc, etc. Uma droga de um carro comum como outro qualquer, que faz barulho e para no trânsito.
Nada era automatizado. Não dava pra ter uma noção total e precisa de profundidade. Às vezes eu me sentia mais alto ou mais largo meio que do nada.
Imagino que essas coisas aconteceram com todo mundo. Aposto que você também tinha alguma dificuldade em diferenciar sonhos e realidade. Sonho também tem imagem, barulho, pessoas e coisas confusas. Eu realmente não sabia direito quais as coisas que tinham acontecido de verdade, confiava em mim mesmo menos ainda. Se a gente não fosse tão preso ao nosso vício de achar que as coisas vão ser sempre iguais a gente ainda teria essa dificuldade.
Hoje em dia dou tão pouco valor ao sonho que quase nunca lembro o que eu sonho. Enquanto escrevo não faço a menor idéia do que sonhei ontem.

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